No dia 10
deste mês de maio participei de um evento do Instituto Elas na Casa do Saber.
Foi um café da manhã com mulheres inspiradoras, falando sobre a aventura de ser
mulher na vida.
Um importante ponto comum nos
discursos foi o preconceito, falou-se de situações em que se foi vítima dos pré-julgamentos.
Eu sou branca, tenho olhos claros,
sou considerada bonita e nunca tive direito de expressar minha indignação
contra o preconceito que sofro por ser assim. É como se o pré-julgamento das
bonitas terminasse sentenciando suas vítimas a nunca poderem sofrer pela imagem
preconceituosa que lhes foi imposta; já que é bonita mesmo, o que mais podem
querer?
No evento do Fundo Elas eu me senti
representada e aliviada por ganhar o direito de protestar junto com todas as
outras mulheres ali presentes. Pude dizer publicamente o quanto me indigna
sempre ser vista como privilegiada, o quanto fere a invalidação das minhas
conquistas, o quanto a desqualificação das minhas potências é injusta.
Sei que cada pessoa traz em si as
marcas destes rótulos acumulados ao longo da vida. Infelizmente, enquanto
pessoas, estamos todos sujeitos ao preconceito. Ele se manifesta das mais
variadas formas e reside em todos nós. Julgar é uma característica humana
geral.
Porque
é tão necessário rotular?
De
onde vem esta vontade de enquadrar as pessoas em estereótipos e atribuir-lhe
papéis logo de cara?
Torna-se mais seguro encaixotar o
outro e determinar seu comportamento e crenças a partir de preconceitos, do que
se relacionar verdadeiramente. É o perigo da troca que apavora.
Imagina
conhecer o outro humano em sua forma real? Pode ser perigoso, podemos ficar
vulneráveis, podemos criar afeto! Quanta responsabilidade! Que medo de cativar
e ter que ser responsável pelo outro! Que pavor das relações.
Como
ser prático e imediato e ao mesmo tempo aprofundar o contato com o outro?
Infelizmente estamos tão hábeis
nesta prática de rotular que a leitura primária que se faz de um alguém a quem
se está sendo apresentado funciona como um rápido diagnóstico:
Passo 1 - detectar que tipo de pessoa é
aquela.
Passo 2 - acessar na memória as impressões
sobre este padrão.
Passo 3 - comportar-se taticamente como quem
já teve acesso ao manual daquele tipo de
gente.
O medo do relacionamento é tamanho
que "pré- conceituar" é uma ferramenta de defesa imediata.
O raciocínio inconsciente é: quanto
mais pessoas inadequadas existirem, menor número de relacionamento preciso ter,
logo estou menos vulnerável.
Pela minha forma de enxergar o
universo, percebo uma única maneira de dar início à transformação: o autoconhecimento.
Transformar este mundo de preconceitos
só será possível quando encontrarmos dentro de nós mesmos o que nos faz repelir
a outra pessoa.
Nós precisamos descobrir do que
temos tanto medo!
Quando estivermos inteiros e aprendermos
a nos enxergar, poderemos descobrir o outro como de fato se apresenta, sem
precisar enquadrá-lo em qualquer padrão pré-conceituado. Afinal de contas não
pode ser a primeira impressão a que fica!
Camila
Leal
Camila Leal é assistente de Nádia Rebouças desde
dezembro de 2011. Está aprendendo a transformar através da Comunicação e
Metodologias da Rebouças&Associados.
Excelente texto. O medo sempre nos parece uma forma segura de nos proteger contra o que não conhecemos. Mas, ao contrario do que gostaríamos, o medo nos engessa, nos paralisa, atraves de fobias e pânico. Julgar pessoas e situações é a melhor maneira de se manter distante...e mergulharmos na angustia da solidão indesejada. Parabén, Camila! Linda por dentro e por fora!
ResponderExcluirEliza