sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ouvir basta para escutar?

Não, não basta. Há 11 anos a R&A usa metodologias de diagnóstico que partem do ouvir. Costumamos dizer que escutar é a nossa forma de planejar com mais eficiência. No entanto, muitas vezes os diagnósticos que trazem uma escuta profunda dos stakeholders não conseguem chegar aos níveis superiores das organizações.

Existem sempre os inovadores nas áreas de Comunicação ou RH. Ousam. Conseguem contratar uma pesquisa de “escuta profunda”, mas não conseguem tempo e disponibilidade emocional da liderança para efetivamente escutar. Por quê? Porque às vezes passam-se três anos, o gestor que contratou a pesquisa já foi para outra organização atrás de seus sonhos e o outro contratado “descobre” a pesquisa perdida num computador e nos liga porque descobriu ali os mesmos problemas que vem descobrindo na organização?

Sempre penso que os executivos não querem ouvir os diagnósticos porque na maioria das vezes não referendam as maravilhas disseminadas pelo Marketing da empresa.

Às vezes por vaidade, às vezes por medo de não conseguir mais manter o castelo de cartas. Mas na última Conferência do Ethos, Oscar Motomura abriu mais uma possibilidade: o medo de mudar.

Ouvir com profundidade pode, de acordo com ele, suscitar a pergunta: E se de repente o outro me convence? Pra que ouvir?

Não estamos no tempo de “marketear” o certo que fazemos. Frente aos desafios atuais busca de novo equilíbrio econômico, justiça social e respeito a todos os seres vivos, estamos longe, muito longe de fazer a coisa certa. Nas nossas próprias atitudes e mais ainda com nossas empresas e organizações.

Estamos num tempo da comunicação de fazer menos banner, jornalzinho ou publicidade e mais e mais comunicação face a face. Ouvir. Escutar e permitir que potências humanas adormecidas possam encontrar oportunidades de plena realização. Nas empresas, nas ONGs, nos presídios, nas comunidades.

É tempo de ouvir, refletir e não ter medo de mudar.

MARCAS

Escrevi esse texto para o evento de lançamento da marca da Eletrobras no final de março de 2010. Foi interpretrado por Marília Pera, num momento muito importante para as empresas Eletrobras. Compartilho com aqueles que prestam muita atenção a marcas.



Fico aqui no meu canto pensando e... pensando.
Na identidade, na nossa identidade. O ser de cada um de nós.

Ouço um pingo de água.... É... Acho que hoje é o dia da água... Ah! Uma homenagem a ela que nos faz entender a capacidade de nos movermos...

Você já se deu conta que a água não para? Encontra sempre caminhos... Pelos lados, por baixo e segue... Segue na sua busca singela... De ser água.

Aquela inevitável gota capaz de cair, assim... Sem pensar, e despertar toda a água numa ESPIRAL...
Só um pingo... Que fala do céu e da terra e produz... Movimento.
Acaba sendo uma marca que desperta todo o movimento... Criando círculos infinitos de transformação...

Penso nas marcas... Marcamos com símbolos, nosso gado.
Marcamos as pessoas... Com nomes!
O céu é todo marcado pelo desenho das estrelas, e lá estão elas se mostrando desavergonhadas, brilhantes!
E ganham nomes... Sozinhas e nas constelações...

No brilho delas, lembro de marcas da minha vida...
Ás vezes a marca do momento é um.... SOM.
Um barulho de água correndo no meio das pedrinhas redondas, na memória de minha infância... E pensar que esse rio vai e vai, se junta com outros, vai somando energias e acaba lá... Na explosão do mar! E a marca que ficou... Foi o SOM.
Ah! Mas às vezes, a marca que fica é um perfume... Lembro de odores, cheiros, perfumes incríveis, de vários momentos da minha vida... hum

Mas, tem momentos que deixam marcas... De tristeza...
Marcas, que na hora, no momento, parecem ter um tempo... Que não tem fim....
Mas logo vem o movimento... E tudo se transforma mais uma vez, trazendo outras marcas....
E vamos! Seguimos.
Essas são as marcas dos desafios... Que nos levam a construir outras e outras marcas....

E os momentos marcados pela dúvida?
Onde? Como? Como faço para construir pontes entre as marcas que carrego da vida e as novas marcas que estão chegando?

Mas, ai... Onde guardo para sempre a marca do sabor que aquela carambola perfumada deixou na minha boca? A primeira carambola, cortada em estrelinhas?

As marcas.... Das nuvens no céu, construindo imagens e eu ali... Descobrindo as coisas nos contornos delas...
Um cavalo... Olhe ali um cavalo...!

E ficam as marcas... Das nossas conquistas... Da nossa vida.
Memórias de nossa identidade.