segunda-feira, 18 de junho de 2012

Rio+20


Rio+20
 
É hora de escrever. De olhar para trás, para ir para frente. Aproveitar todos os insights que possam nos levar para o futuro. A Rio + 20 só começou e já dá para sentir seu movimento, a sua beleza.
Sim, porque como em 92, seja lá no que resulte, estaremos vivendo o encontro da humanidade e isso é belo por si só. O aterro do Flamengo, o Fórum Mundial em 92, nunca mais parou! Ali pela primeira vez o mundo esteve junto. Misturaram-se línguas, cores, bandeiras, idéias, muitas trocas e muitos aprendizados. Não tínhamos internet, celulares eram poucos, rede social nem sonhar, ninguém sabia direito o que eram ONGs, qual o poder da sociedade civil, nem conhecíamos palavras que viraram nosso dia a dia: ecossistema, biodiversidade, ecologia, meio ambiente, responsabilidade social, desenvolvimento sustentável. A grande maioria da população nunca tinha pensado que a terra tinha limites.
Começamos a poder falar do lixo, da poluição, em cidadania, em fome, direitos humanos entre tantos outros temas! Mais importante, começamos a falar criticamente de CONSUMO. Percebemos que estávamos consumindo o planeta, pessoas, animais e plantas! Enfim caiu a ficha. Durante esses 20 anos muitas fichas caíram. A sociedade civil, com o ganho da tecnologia, descobriu possibilidade de atuação em rede. A comunicação virou tarefa possível para todos!
Outros, muitos Fóruns Mundiais aconteceram, fomos aprendendo a conversar pelo mundo em Fóruns e Conferências. A sociedade civil descobriu que podia ocupar as ruas e ganhar voz. Esse ano aconteceram ocupações em todo o mundo. As ONGs aprenderam a usar comunicação. O Greenpeace virou Top of Marketing para jovens no mundo. Eles descobriram também que foram enganados, comemos a rosquinha (conceito da Oxfam) e deixamos um mundo complicado para eles! Problemas? Muitos. Aumentamos praticamente todos os desastres econômicos, sociais, ambientais. A crise econômica, que para mim é crise de paradigma e ética, que vai nos torturar até que possamos descobrir que a economia é ferramenta para a vida, continua sendo a crise para aqueles que vivem só para o dia e para o lucro.
As empresas tiveram que começar pelo menos a fazer maquiagem. Corrupção e absoluta falta de empatia com milhões que morrem de fome, ameaçam nosso futuro. Também nos faltam líderes nos governos. Faltam corajosos, insensatos. Que acreditem em inovação, que invistam na dignidade humana. Mas talvez o que possa nos salvar seja um conceito que Marina Silva deixou escapar no início dessa Rio + 20: MILITANTE AUTORAL. Todos nós podemos escolher ser militantes autorais, todos temos tecnologia para falar, escrever, fazer música, evento, etc. Todos podemos ser ativistas de novos tempos.
Desejo que você descubra sua vontade, seu compromisso. Fazer sem pedir licença, pela sua autoria, como fizeram todos os líderes que mudaram o mundo um pouquinho: Jesus, Buda, Gandhi, Mandela, Betinho só para citar alguns que lutaram pelos direitos humanos. O mundo está cheio de militantes autorais, eu poderia encher páginas de nomes. Mas o que interessa é continuar despertando militantes autorais.  Marina Silva é, acima de tudo, uma militante autoral. 
Esse mundo em transformação precisa de militantes autorais. Seria ótimo que eles aparecessem no Rio Centro, mas é importante para nosso futuro que apareçam no Posto 6, no Aterro do Flamengo ou em qualquer outro espaço dessa cidade marcada para criar voz para o futuro.
Nádia Rebouças