quinta-feira, 26 de março de 2009

OBAMA e a Educação

Atenção, isso por lá, imagine nosso desafio...

"Só estou aqui por causa da educação que eu recebi. Eu não venho de família rica. Muitos dos nossos não estão recebendo a educação necessária, e isso acontece porque as escolas estão defasadas, não há professores suficientes, material defasado. Outro problema é a forma como as escolas e as aulas estão desenhadas. É preciso dinheiro e também reforma. Não é só colocar mais dinheiro, é preciso uma reforma.Vamos investir em educação infantil. Focar no professor, pagar mais, dar apoio, mais treinamento, atualizações e vamos trabalhar com os professores para determinar as melhores maneiras de dar a melhor educação aos nossos alunos."

Educação

Fiquei muito bem impressionada com um debate na Globo News que reuniu Cristovam Buarque, Mozart Neves Ramos, do movimento Todos pela Educação, e uma especialista da USP que não consegui pegar o nome. Nós sabemos todos os problemas, existem idéias ultra interessantes. O que falta? Um planejamento sistêmico de ações que envolvam todos os públicos importantes para que realmente se ponha o país numa estrada de conquista de outro nível de maturidade e consciência na busca de melhor qualidade de educação. Por que esse país não acredita em comunicação planejada envolvendo os atores sociais para fazer transfromações? Fico rouca de explicar que é preciso uma nova forma de fazer as coisas. Se fazemos tudo igual, como conseguir resultados diferentes? Olhar o problema pelas partes geram soluções fragmentadas. É importante atuar sobre o professor, os alunos, as famílias, as universidades, os políticos e será a soma de ações em sinergia que poderá nos salvar e, claro, pensando a longo prazo, precisamos de, no mínimo, uma década de perseverança num plano orquestrado e que comprometa a nação. Isso só se faz com comunicação. Comunicação que eduque, desperte, seduza, motive. Precisamos também de líderes comprometidos. O Cristovam está certíssimo quando diz: "O Lula precisa falar com pais, professores e alunos". Mas quando?

sábado, 14 de março de 2009

Mulheres

Criaram o Dia da Mulher porque era necessário. Virou , na prática o mês da mulher. Um dia todos os dias serão dias da mulher. Dias da vida. Para nossa reflexões um pouco de como as mulheres foram nosso tema de reflexão em 2008. Texto maravilhoso de uma economista mulher e só por isso poderia escrever esse texto. Bem vinda as mulheres, mas também todos os homens que sabem que podemos juntos construir um mundo novo. Precisamos. Cada dia é mais urgente.
MULHERES.

R&A e seu aprendizado sobre o universo feminino.

A R&A sempre homenageou as mulheres em março. Afinal, nossa alma é feminina. Após 2008 é impossível que eu e as consultoras da Rebouças não falemos ainda mais da mulher. Conversamos através de nossa metodologia Offplan com muitas e diferentes mulheres. Conversamos com elas sobre aborto, sobre seus desafios como “chefes de família”, sobre suas enormes perdas e dores frente à violência doméstica. Sobre a tristeza de ver seus companheiros e filhos se perderem nas drogas, seja o álcool, as drogas naturais e as sintéticas.
Entrevistamos mulheres do campo e da floresta onde sua voz fica totalmente abafada por falta de qualquer apoio, já que lá não existe ainda nem as delegacias de mulheres.
Conversamos nesses anos com operários que até muito poucos anos não tinham banheiro exclusivos. Não tinham ainda uniformes operacionais femininos, faltavam pregas e ajustes, e mesmo assim elas usavam batom.
Me dei conta que vivi em ilhas, onde como mulher já podia ter e ser. Não é assim na maior parte de nosso país e no mundo.
Claro que também aprendemos sobre a mulher executiva que se perde no papel, sendo um homem disfarçado de terninho e na profunda confusão com sua sexualidade.
O grande desafio é ser dona de nossas vidas, que acabou sendo o tema da Campanha contra a Violência das Mulheres do Campo e da Floresta. Conhecemos também as donas de si e diretoras do seu caminho que foram incentivadas e capacitadas pelo Fundo Elas de Investimento Social. Mulheres da periferia que com suas mãos, vontade e criatividade construíram um artesanato com personalidade.Vivemos o lançamento do Fundo Elas quando Elisa Lucinda, Heloísa Buarque de Holanda, Eliane Brum, entre outras mulheres muito especiais puderam conversar sobre nossos desafios que estão aí nas notícias da mídia todos os dias.
Todas nós da R&A descobrimos em 2008 a dor do aborto (um problema de saúde pública), da perda, do estupro do padrasto, do pai. A dor do medo, do desrespeito, da pobreza, da falta de educação e a transformação de tudo em ação, sobrevivência, autodidatismo, coragem, alegria, emoção, enfim, em vida.
Do corpo que sangra mensalmente às lágrimas que derrubam pelos homens que amam, somos iguais em classe social, religião, nível educacional, profissional, ou seja, qual for nossa diferença.
Somos mulheres. Temos um plug muito forte com a mãe terra. Somos mães, irmãs, mulheres que nesse tempo de falta de valor e significados, estamos construindo conexões com novos tempos no mundo todo.
O vazio do consumo sem nexo, do culto a celebridade, dos mitos das belezas, estão ai para matar nossa liberdade e impedir nossas escolhas com o coração.
O Dia da Mulher é homenagem da conquista da nossa liberdade. Precisamos agora dar qualidade as nossas escolhas, impedir que as jovens se percam na capacidade infinita que nosso sistema tem de matar o que tem valor na nossa vida em sociedade, as nossas meninas e a menina terra. E esse mês da mulher tem um símbolo, a menina de Recife. Ela está aí para mostrar que fizemos muito e ainda nada fizemos. No seu silêncio em anos de abuso está a matéria prima para nossas ações, nós mulheres que muito temos a fazer.



TEXTO (Do Blog de MIRIAM LEITÃO)


Anoitece no dia da Mulher e este silêncio do blog não é falta do que dizer.É tristeza. O caso da menina de Recife foi devastador. Não, ninguém ignoraquantas meninas são vitimas da violência em suas próprias casas. Os algozessão os pais, padrastos, pessoas que deveriam estar ensinando e protegendo. Os números são muitos, os casos que aparecem na imprensa são frequentes. Masa menina de Pernambuco doeu mais.Talvez por ter apenas nove anos, por estar sendo estuprada desde os seis,ou porque a chantagem do padrasto era que mataria a mãe. Ou talvez porqueela é bem pequena, menor do que deveria ser para a sua idade. Amenina passou anos vendo a irmã também abusada. Só a mãe das duas nada via. O que acontece que cega as mães?A menina de Recife lembra o quanto a luta da mulher será longa. Recentementea Sharia, um código tribal brutalmente contra a mulher, foi restabelecidaem todo o Paquistão. Acaba qualquer chance de que não aconteçam casos como ada escritora do livro Desonrada, Mukhtar Mai, que foi condenada a serestuprada publicamente porque seu irmão de 12 anos teria olhado para umamulher de casta "superior". O suplicio de Mukhtar, com estupro público emúltiplo, só não foi mais intenso que sua força de superação. A históriadessa paquistanesa choca e emociona, mas a notícia de que a Sharia, quetinha começado a ser suprimida no Paquistão, volta a ser usada em todo opaís é um choque. Penso em Mukhtar naquela pequena aldeia onde ela decidiumorar e resistir com uma escola para meninas e meninos. Normalmente eu gosto de escrever nos dias oito de março, de quantoavançamos, mostrando estatísticas de conquistas, e de quanto falta avançar, mostrando as diferenças salariais, o pequeno percentual de mulheres no poderem qualquer país, as discriminações, mas aí... veio a menina de Recife. Ela simplesmente me enfraquece. Que números de avanços levantar paracompensar essa violência? Eu penso nela diariamente desde o dia da notícia. Não pela polêmica daIgreja Católica, porque a Igreja não me espanta. Que ela excomungue omédico, as enfermeiras, a mãe pela decisão de interrupção da gravidez e quenada diga sobre o estuprador, não me surpreende. É apenas bizarro! Medieval.Eu penso na menina de Recife e nos debates que tenho participado nos últimosanos, sempre em março. Nesses debates sempre discordo das mulheres bemsucedidas que dizem que a luta está ganha, que o feminismo é um movimentoultrapassado, ou outros equívocos assim. Eu, feminista, confesso, minha lutae meu espanto diante da incapacidade de ver o óbvio: que cinco mil anos deopressão não se acabam em poucas décadas, que há muito a fazer, a construir,a vigiar, para que haja algum dia respeito igual. Falta tanto para o dia emque poderemos dizer que o feministro está superado!Mas hoje, na verdade, eu penso apenas no futuro dela: a menina curará suasferidas? Conseguirá entender e processar a violência de que foi vítima? Vaiestudar, ter carreira, filhos? Vai conseguir amar um dia? Escapará das teiasda reprodução da pobreza? Vai simplesmente reaprender a brincar, como devefazer uma menina de nove anos?.Eu podia dizer que ela desperta em mim uma fúria feminista. E é verdade, masé uma verdade incompleta. Ela desperta em mim o o sonho de protegê-la dealgum modo. De embalá-la docemente e contar uma história cheia de aventurase graça. De cantar para ela uma cantiga de roda, de brincar de pique escondeem volta da casa. De ir com ela ao cinema e comer pipoca sentada no degraude uma escadaria. Que tal um sorvete para resfrescar o calorão?Não sei o que é. Mas por alguma razão eu penso insistemente na menina deRecife neste dia da mulher. Penso com o coração. Eu apenas sonho que suasferidas se cicatrizem um dia. O discurso feminista, com estatísticas e fatos eloquentes, eu o farei outrodia. Hoje eu apenas quero sonhar que a menina de Recife um dia, apesar de tudo, após tanta violência, será feliz.


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segunda-feira, 2 de março de 2009

Nossas escolhas

Interessante a palestra do Professor Clóvis Barros Filho no último encontro ABERJE, que ocorreu durante um almoço na FIRJAN, no dia 19 de fevereiro, para mais de 120 profissionais de Comunicação Corporativa. O Professor nos falou sobre a Comunicação Organizacional e a Ética nas Organizações. Seu estilo rápido, contundente obrigou a todos ali presentes a ficarem num silêncio cheio de reflexões, quando nos levou a conclusão que a ética não é uma algo distante e que está em ação em cada uma das decisões, escolhas que fazemos no dia-a-dia de nossas vidas. “O gato no mundo todo e em qualquer tempo apenas gateia, o sapo sapeia. Nasce com seu jeito de ser gato ou sapo e assim vive fazendo o que qualquer gato ou sapo faz pelo planeta afora”. E nós? Somos completamente diferentes. Fazemos escolhas de todo o tipo e nelas estão contidas nossa visão, nosso compromisso. Fazemos nossas escolhas nas empresas, no nosso tipo de trabalho, no que estudamos, como educamos nossos filhos etc. Assumimos compromissos com nossa vida, a de nossas famílias, fazemos contratos escritos e contratos verbais, nas nossas relações afetivas por exemplo. Pensamos, sentimos, desejamos e tudo toma forma nas nossas ações. Como comunicadores, nós escolhemos as notícias que destacaremos nos nossos veículos internos ou o que pretendemos que seja divulgado. As ações das empresas frente a seus empregados, comunidades, sociedade em geral estão todo o tempo deixando transparecer suas reais escolhas e o impacto de suas ações. Aí está guardado o desafio da Reputação de Marcas. A escolha entre ser bom maquiador ou efetivamente escolher o caminho da transparência e da transformação. A nossa civilização parece estar num importante momento de escolha. Talvez por isso a reflexão sobre ética tem ganho tanto espaço recentemente. O encontro foi uma oportunidade de receber muitos inputs para reflexões sobre a ética nas nossas vidas e nos espaços organizacionais na sociedade em geral. Estamos definindo não só as nossas escolhas na comunicação que produzimos, mas influenciando a escolha de outras milhares de pessoas. Quem quiser se aprofundar no assunto, leia mais sobre ética no site www.espaçoetica.com.br. Lá você poderá conhecer melhor vários estudiosos, ler e ouvir o Professor Clóvis de Barros Filho.