domingo, 13 de novembro de 2011

Precisamos reconhecer a mudança!

Temos de fato muitos problemas! Mas tenho prazer em reconhecer até as pequenas mudanças...sem ter a ilusão que tudo mudou!

Quando vejo o não reconhecimento dos pequenos sinais de mudança, lembro sempre de Ken Wilber. Ele fala dos níveis de consciência da civilização humana e de como tudo segue num processo lento e difícil até chegarmos à visão integral.

Lembro também do Betinho, que quando eu me desesperava nas baixas da Ação da Cidadania, por exemplo quando a Globo não veiculou o filme sobre a terra, com Eva Vilma, inédito até hoje, e ele falava: "Até aqui fomos, agora chegamos no limite da consciência possível da maioria da sociedade!" Conseguimos com a campanha que a fome se tornasse um fato, não há dúvida que ela influenciou políticas públicas que hoje não resolveram, mas diminuiram a fome no país. Falar sobre a posse da terra ainda não era possível.

O político não mudou, mas vai mudando, a polícia não mudou, mas vai mudando, o jornalista não mudou, continua um instrumento mais de propaganda do que de conhecimento e reflexão, mas vai mudando...Assim percebemos que tudo está em movimento.

Eu não tenho de forma alguma o preconceito em comemorar as pequenas mudanças. Já aprendi que a transfromação é lenta e como observadora da realidade percebo os pequenos passos que temos dado. Na ocupação da Rocinha percebo sinais de maior transparência. No Borel, por exemplo, a "limpeza" do BOPE, antes da entrada da UPP, não foi anunciada...( as mulheres da comunidade contaram barbaridades, que espero não ocorram agora na Rocinha e Vidigal).

A polícia, pouco a pouco, também vai mudando. Nosso governador na entrevista conseguiu compartilhar e não respondeu perguntas técnicas, dando a quem entendia do assunto o direito de resposta. Para minha absoluta supresa se declarou GESTOR DE PESSOAS. Isso é tão novo no setor público quanto será para a população da Rocinha viver daqui para adiante.

Não será fácil, todas as doenças continuam ali, policiais corruptos, líderes negativos, gerações criadas sem educação e na violência, mas não acredito em mágica...acredito no trabalho duro, em planejamento, estratégias e numa atuação sistêmica.

Há indícios de avanços. Alguns olham sempre para o negativo, eu tenho a mania de perceber o positivo nascendo e acreditar nas pequenas mudanças, para poder seguir. Transformação... falar é uma coisa, fazer é outra. Quem faz sabe o quanto é difícil avançar com as enormes mazelas que criamos até nas formas de pensarmos. O importante é fazer e ir aprendendo todo dia.