sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Paciência e Perseverança

Tenho absoluta certeza que você já acordou em determinados dias pensando que nada valia à pena. O que poderia justificar tanta energia, tanta vontade, tanta paciência no seu trabalho? Na sua vida? Tudo uma perda de tempo. Nada se transforma realmente, pensa sua mente incontrolável. E vai adiante à sua montagem da insatisfação: não adiantou nada, viu? Tudo de repente voltou lá para o início, onde tudo começou e nada evoluiu aparentemente.

Você diagnosticou, planejou, executou, conversou, investiu toda sua capacidade de sedução para convencer o passo adiante e nada! Dá aquela vontade imensa de desistir. É o dia das reticências. Você se olha no espelho e vê que o tempo passou. O que mudou? Aquela empresa que parecia caminhar para sua própria transformação perdeu-se no jogo dos egos. A outra, apesar de ter contratado uma “escuta”, não foi capaz de ouvir. Aquela reunião que já não tinha encontrado sua eficiência nos 15 parece ter andado pouco nos 16. São encontros e encontros, conversas e conversas, viagens e viagens, delegações e delegações, CO² e CO² e quase nada!

São pessoas “pacificadas”, perdidas nas dores dos tempos, onde crack, violência, corrupção se entreolham, se cruzam e demandam. É lixo, muito lixo nas praias, nas ruas, por toda parte. Não é possível que não se aprenda! Vulcões, enchentes, neve demais e carros, muitos carros pelas ruas! Será que ninguém pensa? Ninguém consegue ver os sinais de alerta?

E seu rosto matutino está ali te olhando e perguntando se lá no fundo de você mesmo, algum avanço se deu. Dias nublados. Mesmo que ensolarados. Somos isso. Um constante refletir, olhando os passos lentos, quase que imperceptíveis, enquanto toda a realidade te mostra que talvez não dê tempo. Não dê tempo para você ver, para o planeta agüentar. Você sai e até comenta com uma amiga o quanto amanheceu amassada, truncada, mal digitada.

Mas, de repente, algum sinal te surpreende. Ou vários sinais. Seja no noticiário, seja numa reunião, seja numa quase homenagem que você recebe, onde o caminho mostra a transformação. Um email que chega, uma notícia que surpreende. A chuva que para dando lugar a um fim de tarde cheio de homenagens. E, de repente, você se dá conta que pouco importa o espaço, o tempo. Que não importa sua mente embutida. Que os processos naturais de transformação seguem lentos, ganhando profundidade, sem que a máscara matinal possa às vezes se dar conta. Que você também já é outra. Que os caminhos novos vão pouco a pouco se estruturando. Que pra frente, certamente virão mais surpresas positivas. Que depois dos 15,16 ainda virão outros encontros com novos passos para a construção do novo tempo. Que a Rio +20 já está a caminho. Você vê uma ampla discussão sobre a economia verde e inclusiva.
Os sinais dos novos tempos estão aí, escondidos por tantos fatos dos velhos tempos que são resultado da nossa forma de ver a vida na natureza e na sociedade. Mas, por toda parte temos ativistas anônimos dos novos tempos. No Brasil, uma mulher, divorciada e ex-guerrilheira ganha uma eleição e se torna Presidente do país, tomando posse depois de um operário, que assumiu depois de um sociólogo! Algo novo está sempre acontecendo para surpresa da minha cara matinal amassada.

O movimento de transformação é inevitável. Quem diria que veríamos certas imagens! Mulheres nas comunidades se descobrem construindo os seus tão sonhados novos tempos, choram seus amores violentos perdidos enquanto abraçam seus filhos na chance de conquistar mais paz.

E de repente você vai perceber que ao se olhar no espelho de manhã com tristeza nos poros, restarão poucas possibilidades de enxergar o movimento. Intensificará sua pressa e a transformação profunda que vivemos exige a paciência de um agricultor.

O movimento é lento. Basta viver o movimento e fazer o que está ao alcance das mãos. Aliás, basta apenas viver com consciência e amor. E poder agradecer os sinais que, de forma sutil, comunicam que vale viver 2011! Que podemos apostar numa nova década, onde nós humanos continuamos com a grande chance de conquistar nossa humanidade. Vou feliz pelo caminho, mesmo sabendo que, um dia ou outro, vou acordar amassada. E quando isso acontecer, vou ter força para lavar o rosto e enxergar 2011 como mais um ano de oportunidades para transformações!

Um comentário:

  1. Têm dias que acordamos exatamente assim! Mas não podemos perder a esperança. Cada ação, por menor que seja, já significa alguma coisa!
    Adorei o post!
    Beijos e ótimo 2011

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