quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Marcas

Trabalho com marcas há 42 anos! Não se espantem! Mas isso me trás uma percepção das fortes mudanças que aconteceram com as marcas em quase meio século. Traz a responsabilidade. E frequentemente fico aqui, no meu canto, pensando. Na questão da identidade. Na nossa em primeiro lugar. Um dia escrevi para uma empresa um texto que publico parte agora, enquanto me pergunto como estamos construindo as marcas do futuro.

“Ouço um pingo de água. Percebo, de forma consciente que a água não para. Encontra sempre caminhos. Pelos lados, por baixo e segue. Segue na sua busca singela de ser água. Aquela inevitável gota capaz de cair assim, sem pensar, e despertar toda a água numa ESPIRAL. Só um pingo, mas fala do céu e da terra e produz movimento. O pingo acaba sendo uma marca que desperta todo o movimento. Criando círculos infinitos de transformação.
Penso nas marcas. Marcamos com símbolos, nosso gado. Marcamos as pessoas com nomes! O céu é todo marcado pelo desenho das estrelas, e lá estão elas se mostrando desavergonhadas, brilhantes!
E ganham nomes. Sozinhas e nas constelações. No brilho delas, lembro de marcas da minha vida.
Ás vezes a marca do momento é um.... SOM.
Um barulho de água correndo no meio das pedrinhas redondas, na memória de minha infância. E pensar que esse rio vai e vai, se junta com outros, vai se somando e acaba lá. Na explosão do mar! E a marca que ficou, foi o SOM.
Ah! Mas às vezes, a marca que fica é um perfume. Lembro de odores, cheiros, perfumes incríveis, de vários momentos da minha vida.
Mas, tem momentos que deixam marcas... De tristeza...
Marcas, que na hora, no momento, parecem ter um tempo, que não tem fim. Mas logo vem o movimento. E tudo se transforma mais uma vez, trazendo outras marcas. E vamos! Seguimos. Essas são as marcas dos desafios. Que nos levam a construir outras e outras marcas.E os momentos marcados pela dúvida? Onde? Como? Como faço para construir pontes entre as marcas que carrego da vida e as novas marcas que estão chegando?
Mas, ai... Onde guardo para sempre a marca do sabor que aquela carambola perfumada deixou na minha boca? A primeira carambola, cortada em estrelinhas? As marcas das nuvens no céu, construindo imagens e eu ali, descobrindo as coisas nos contornos delas.
Um cavalo! Olhe ali um cavalo! E ficam as marcas. Das nossas conquistas. Da nossa vida. Memórias de nossa identidade.
E quando passo a mão, assim, no meu rosto... sinto a voz de minhas marcas. Elas, as marcas, falam de história, de respeito, de futuro, de sabedoria”.

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