quarta-feira, 9 de março de 2011

Será que podemos?

"As políticas sociais não constituem custos, são investimentos nas pessoas. E com a atual evolução para uma sociedade cada vez mais intensiva em conhecimento, investir nas pessoas é o que mais rende. A compreensão de que os processos produtivos de bens e serviços e as políticas sociais em geral são como a mão e a luva no conjunto da dinâmica do desenvolvimento, um financiando o outro, sendo todos ao mesmo tempo custo e produto, aponta para uma visão equilibrada e renovada das dinâmicas econômicas.

Um terceiro elemento chave é a política ambiental. A visão tradicional amplamente disseminada apresenta as exigências da sustentabilidade como um freio à economia, impecilho aos investimentos, entrave aos empregos, fator de custos empresariais mais elevados. Trata-se aqui simplesmente de uma conta errada, e amplamente discutida já em nível internacional, com a refutação do argumento da externalidade. Fazer o pre-tratamento de emissões na empresa, quando os resíduos estão concentrados, é muito mais barato do que arcar depois com rios e lençóis freáticos poluídos, doenças respiratórias e perda de qualidade de vida. Para a empresa ou uma administração local, sai realmente mais barato jogar os dejeitos no rio, mas o custo para a sociedade é incomparavelmente elevado".

Ladislau Dowbor - Mercado Ético


Uma vida e tudo ainda está nublado. É assim que me sinto olhando o mundo. Quando era jovem tinha uma imensa simpatia pela Mafalada, personagem de Quino, colocando band aid no globo. Já lá torcia e trabalhava de alguma forma para que o mundo mudasse. Minha vida foi passando, eu olhando o globo, e apesar de continuar ouvindo vozes lúcidas, como a do Lasdilau, sobre um sistema econômico injusto, que é responsável pela morte real de bilhões, do potencial de outros bilhões, as coisas permanecem como estão.

A ciência não para de nos alertar. Temos também novas descobertas de como funciona nossa mente, mil estudos refletindo sobre como transformar consciências, com tantas pesquisas que demonstram nosso caminho suicida, poucas e lentas mudanças são concretas. Talvez esse não seja mesmo um projeto para ser visto numa vida. No entanto isso não tem me poupado de ver catástrofes enormes. Guerras. A Natureza em guerra gritando basta. É triste. Eu preciso acordar de manhã acreditando que pequenos atos de pessoas de boa vontade pelo mundo afora poderão acordar os que podem fazer grandes atos. Nós profissionais de comunicação continuamos a ser obrigados a perguntar como avançar. Nós, nas empresas e nos governos, precisamos ajudar a travessia da grande água esperando que ainda dê tempo.

Nada será conseguido se não modificarmos nossa forma de viver. Mudar conceitos de lucro e de consumo. Como? Mudando nossa forma de pensar e sentir.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Dia da Mulher

Sempre escrevo um texto por ocasião do dia da mulher. Pensando agora cheguei à conclusão que nunca falei sobre uma experiência exclusiva das mulheres. Poderia ser a gravidez, você pode ter pensado em bebês lindos, que nascem com peso e altura normal. Que tem pai e mãe radiantes cercados de avós também radiantes com a chegada da experiência que todos valorizam: ser avós.

Mas a gravidez e o parto não são as únicas experiências exclusivas da mulher, o aborto também é. Completamente secreto, sem imagens e muitas vezes sem palavras. As palavras que aparecem divulgadas são normalmente, as que se voltam contra a mulher que viveu essa experiência. Diferente do nascimento que tem pai e mãe, quando se fala de aborto se fala apenas da mulher.

A mulher que aborta é como se tivesse engravidado sozinha, decidido sozinha, e, portanto, uma assassina sem cúmplice. As feministas no seu afã de defender as mulheres na sua opção por decidir sua própria vida, acabaram reforçando, sem intenção, a idéia de que o aborto é um projeto feminino de libertação. Essa visão contextualizada numa geração, a minha, que tinha como foco libertar a mulher para a vida, deixou que muitos ficassem nos bastidores do aborto.

Mas quase sempre um aborto tem cúmplices que a mulher na sua dor não consegue revelar. E quanta dor. Uma dor muita vezes só porque difícil de compartilhar. Sem dúvida, somos donas de nosso corpo e podemos decidir. Não faz qualquer sentido sermos criminosas por decidir pelo aborto. Sem dúvida as concepções morais em torno do aborto é uma violação ao direito básico do ser humano de decidir como viver e como morrer. O homem, o sexo oposto, faz isso o tempo todo, inclusive com populações inteiras de uma região. Nosso sistema econômico mata milhões todos os dias por questões econômicas de lucro, resultados e bônus para os executivos, poucas, muito poucas mulheres. Só por isso é completamente imoral achar que uma mulher é assassina por fazer um aborto. A igreja montada em tanto ouro e tanto poder que moral tem para acusar uma mulher, sem condições de ter um filho. Vamos parar com a hipocrisia dessas posições.

Mas, apesar de pensar assim não quero falar da morte, mas da vida que famílias e homens impedem de viver. Sim, porque tenho certeza que nenhuma mulher é a favor do aborto. Todas nós optamos por essa solução dentro de certas circunstâncias e o aborto sempre guarda uma história que as mulheres fazem questão de esquecer. A camisinha furou, ele não aceita nem pensar no assunto, ele exige o aborto, e ela não consegue imaginar a vida sem ele ou sendo uma mãe solteira. O medo, a vergonha da adolescente, os homens com seus impedimentos afetivos e ou financeiros de pensar em ter um filho, a falta de condições financeiras da própria mulher, o medo do pai (tanto que muitas meninas de classes mais favorecidas são levadas a abortar pelas mães que sabem que receberá do marido toda a culpa por não ter “educado” bem a menina). São inúmeras as razões que podem levar uma mulher a optar pelo aborto, mas todas elas tem um homem e uma família na história.

Hoje, dia da mulher, escrevo para dizer para você mulher que fez aborto, que acompanhou sua amiga no aborto, que levou sua filha para fazer aborto, que fiquem em paz. Vocês podiam ter essa opção, trata-se do seu corpo. Mas também digo aos homens que é chegado o tempo de que eles sejam envolvidos nessa polêmica, porque também fazem aborto. Que nós mulheres possamos colocar esse tema num novo patamar para debate de toda sociedade, aquela mesma que se desesperou por ver, durante as eleições do ano passado, ele ganhar a mídia e influenciar as opções do eleitorado. A responsabilidade pela gravidez será sempre de dois, no mínimo, e é essa a realidade para ser debatida por nossa sociedade. As mulheres que não fazem os filhos sozinhas têm que debater a questão num outro nível, como adequado ao século 21.

sábado, 15 de janeiro de 2011

FALTA ÁGUA!

Sim falta água!

Ela me fala com um fio de voz que não pode pegar a água do rio, onde correm cadáveres, para dar as crianças. Navega no rio, mortos e o barro. Falta gás. Falta energia.

Falta comunicação, diz ela. Não se preocupe se não conseguir falar. É um milagre que ela está podendo me dizer que ninguém morreu. Afinal são sete filhos e lá embaixo todas as casas foram alagadas, mortos navegam no que antes era um riozinho, sem personalidade. Lá por cima, no morro há muitos mortos e casas arrasadas, ninguém sabe quantos. Os sete filhos estão ali com fome e sede. O marido recolhendo mortos, o último foi um bebê de três dias que ele pegou no colo, o oitavo filho que não concebeu.

Lágrimas escorreram do coração daquele pai, sem tempo de sentir dor. A dor já fazia parte de suas células, depois de três dias de algo que não sabia explicar. Só sabia que tinha que continuar a revolver barro e recolher corpos. Não viu TV, porque não tinha energia. Sabia que algo muito grave estava acontecendo e ele precisava estar ali entre barros e corpos.

Em algum momento pensava como poderiam estar seus filhos, o que estariam comendo? Seus sete filhos, que água estariam bebendo? Mas sabia que respiravam, enquanto recolhia corpos sem vida!

Nova Friburgo verão de 2011.

Eu aqui, sentada, sem chuva, sem enchente, sem corpos, na segurança do décimo primeiro andar na Gávea, Rio de Janeiro, penso porque não acreditam? Porque pensam que a terra é ilimitada? Porque pensam que ela está aqui para nos servir? O que impede, com todos os movimentos do sol e da lua, que possamos entender que ela tem vida? Podemos controlar o que tem vida?

Luciana consegue contato, e eu posso sentir seus sete filhos grudados à sua saia. Pergunta, a mim, que sempre encontrei soluções para essa guerreira menina, o que deve fazer? Como poderia pegar a água do rio, cheia de morte, e ferver na lareira para dar as crianças?

Não há água ou comida, isso é fato.

Eu sinto que não sei pensar a vida sem energia, sem gás, sem comunicação, sem posto de gasolina, sem supermercado, shopping, sem telefone ou celular, sem caixa eletrônico, sem água na torneira, sem vida, sem casas, nem estradas.

- Diga como posso te ajudar, pergunto?



Concluímos que nada. Nenhuma das duas tem condições de fazer nada, só agradecer que todos estão vivos! Torcer para que alguma coisa da vida normal volte a funcionar para que eu possa fazer alguma coisa. Tantos nem conseguem se comunicar! Que bom consegui saber que todos estão vivos!

A estrada não tem passagem para me levar até vocês, nem que eu crie coragem!
Que loucura fizemos com nossas vidas!
Como não chega água em nenhuma das localidades? Como explicar as imagens que vejo? Talvez o título desse artigo fosse: como uma garrafa d água pode custar R$ 30,00? Ou ainda, que raio de governos existe por aí?

Senhores, o amanhã chegou. Desejo a todos vocês muita luz para enfrentar as conseqüências de nossos atos!


OBS - Vivo as Dificuldades de uma família em Friburgo. Uma família que faz parte da minha vida desde 1991, quando a mãe era só uma menina de 11 anos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Entrevista para o site do Greenvana

O meio ambiente tem uma colaboradora e tanto. A consultora de comunicação e diretora da Rebouças e Associados, Nádia Rebouças, começou a atuar em 1972 e já trabalhou com o sociólogo Herbert José de Souza, o Betinho, na Campanha da Ação da Cidadania, deu aulas em São Paulo e conheceu a Amazônia. Casada, tem três filhos dos quais se orgulha e dois netos que já mostram a preocupação com o meio ambiente. Sua relação com as questões ambientais começou com a Eco-92, onde ela percebeu a dimensão do problema e o número de pessoas que tentavam “acordar” sua cidade para essas questões. Hoje Nádia trabalha com estratégia e planejamento em comunicação.

Positiva com relação as questões ambientes do planeta, Nádia afirma que “daqui há alguns anos teremos um novo mundo”.

GREENVANA STYLE: Qual é o papel da comunicação na construção de uma sociedade sustentável?

NÁDIA REBOUÇAS: Está em plena atividade e tem um papel fundamental. A comunicação divulga para dentro e para fora da empresa. A grande maioria dos comerciais de TV fala de um mundo novo, usando novos paradigmas. A comunicação está sempre presente na construção da consciência e não tem como escapar disso. Quem posiciona e dá conceitos é a comunicação. Em 1949, por exemplo, todo mundo fumava em todos os lugares. Foi quando a comunicação, o cinema e os anúncios falavam do cigarro como um grande barato. Eu era uma jovem que não gostava de cigarro, mas comecei a fumar porque era o jeito de uma mulher independente. É assim que a comunicação faz: ela seduz. Assim como hoje ela conseguiu mudar esse conceito.

GS: Como você avalia o crescimento dos blogs e das mídias sociais no conceito sócio-ambiental?

NR: É algo fundamental, pois dessa forma temos uma democracia na comunicação. O poder que a sociedade ganha com a internet é brutal. A questão é que ainda estamos aprendendo a usar isso. Hoje as empresas têm blogs. Existem pessoas trabalhando com blogs. Então a comunicação é uma grande vertente.

GS: Como as empresas estão se adaptando às necessidades do consumidor que busca uma nova postura?

NR: Esse cliente tem um poder que não conhece. O nosso padrão de alimentação, por exemplo, mudou e as empresas tiveram que se adaptar. A mesma coisa acontece com o meio ambiente. Os empresários estão atentos para descobrir o que o consumidor quer e elas falam em sustentabilidade porque perceberam que a população está preocupada com isso. A discussão de hoje é sobre a economia “verde”. Nosso objetivo é encontrar formas de desenvolvimento econômico que respeite o desenvolvimento social e o meio ambiente. E isso é um desafio muito forte, mas vai levar as empresas a pensarem num conceito de lucro e deixar os profissionais mais conscientes. Acredito que, com todas as crises, estamos vivendo um ponto de mutação que coloca a serviço dessa construção de uma nova era. Temos uma quantidade de tecnologia já criada que não conseguimos colocar na sociedade por uma questão de paradigma econômico. Os economistas vão ter que se transformar para que a gente ponha dinheiro onde é “verde” e inclusivo.

Paciência e Perseverança

Tenho absoluta certeza que você já acordou em determinados dias pensando que nada valia à pena. O que poderia justificar tanta energia, tanta vontade, tanta paciência no seu trabalho? Na sua vida? Tudo uma perda de tempo. Nada se transforma realmente, pensa sua mente incontrolável. E vai adiante à sua montagem da insatisfação: não adiantou nada, viu? Tudo de repente voltou lá para o início, onde tudo começou e nada evoluiu aparentemente.

Você diagnosticou, planejou, executou, conversou, investiu toda sua capacidade de sedução para convencer o passo adiante e nada! Dá aquela vontade imensa de desistir. É o dia das reticências. Você se olha no espelho e vê que o tempo passou. O que mudou? Aquela empresa que parecia caminhar para sua própria transformação perdeu-se no jogo dos egos. A outra, apesar de ter contratado uma “escuta”, não foi capaz de ouvir. Aquela reunião que já não tinha encontrado sua eficiência nos 15 parece ter andado pouco nos 16. São encontros e encontros, conversas e conversas, viagens e viagens, delegações e delegações, CO² e CO² e quase nada!

São pessoas “pacificadas”, perdidas nas dores dos tempos, onde crack, violência, corrupção se entreolham, se cruzam e demandam. É lixo, muito lixo nas praias, nas ruas, por toda parte. Não é possível que não se aprenda! Vulcões, enchentes, neve demais e carros, muitos carros pelas ruas! Será que ninguém pensa? Ninguém consegue ver os sinais de alerta?

E seu rosto matutino está ali te olhando e perguntando se lá no fundo de você mesmo, algum avanço se deu. Dias nublados. Mesmo que ensolarados. Somos isso. Um constante refletir, olhando os passos lentos, quase que imperceptíveis, enquanto toda a realidade te mostra que talvez não dê tempo. Não dê tempo para você ver, para o planeta agüentar. Você sai e até comenta com uma amiga o quanto amanheceu amassada, truncada, mal digitada.

Mas, de repente, algum sinal te surpreende. Ou vários sinais. Seja no noticiário, seja numa reunião, seja numa quase homenagem que você recebe, onde o caminho mostra a transformação. Um email que chega, uma notícia que surpreende. A chuva que para dando lugar a um fim de tarde cheio de homenagens. E, de repente, você se dá conta que pouco importa o espaço, o tempo. Que não importa sua mente embutida. Que os processos naturais de transformação seguem lentos, ganhando profundidade, sem que a máscara matinal possa às vezes se dar conta. Que você também já é outra. Que os caminhos novos vão pouco a pouco se estruturando. Que pra frente, certamente virão mais surpresas positivas. Que depois dos 15,16 ainda virão outros encontros com novos passos para a construção do novo tempo. Que a Rio +20 já está a caminho. Você vê uma ampla discussão sobre a economia verde e inclusiva.
Os sinais dos novos tempos estão aí, escondidos por tantos fatos dos velhos tempos que são resultado da nossa forma de ver a vida na natureza e na sociedade. Mas, por toda parte temos ativistas anônimos dos novos tempos. No Brasil, uma mulher, divorciada e ex-guerrilheira ganha uma eleição e se torna Presidente do país, tomando posse depois de um operário, que assumiu depois de um sociólogo! Algo novo está sempre acontecendo para surpresa da minha cara matinal amassada.

O movimento de transformação é inevitável. Quem diria que veríamos certas imagens! Mulheres nas comunidades se descobrem construindo os seus tão sonhados novos tempos, choram seus amores violentos perdidos enquanto abraçam seus filhos na chance de conquistar mais paz.

E de repente você vai perceber que ao se olhar no espelho de manhã com tristeza nos poros, restarão poucas possibilidades de enxergar o movimento. Intensificará sua pressa e a transformação profunda que vivemos exige a paciência de um agricultor.

O movimento é lento. Basta viver o movimento e fazer o que está ao alcance das mãos. Aliás, basta apenas viver com consciência e amor. E poder agradecer os sinais que, de forma sutil, comunicam que vale viver 2011! Que podemos apostar numa nova década, onde nós humanos continuamos com a grande chance de conquistar nossa humanidade. Vou feliz pelo caminho, mesmo sabendo que, um dia ou outro, vou acordar amassada. E quando isso acontecer, vou ter força para lavar o rosto e enxergar 2011 como mais um ano de oportunidades para transformações!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Economia verde e inclusiva

Participei e acho fundamental prestar atenção nos desdobramentos desse encontro. Foi a primeira vez que vi as diversas tribos dialogando sobre esse que é o desafio claro para construção do futuro: economia verde e inclusiva.

Realizado Seminário sobre Economia Verde e Rio+20: Ocorreu em São Paulo nos dias 11 e 12 de novembro o Seminário "Diálogos Nacionais - Rumo à Rio+20" sobre Economia Verde, que contou com a participação ativa de mais de 120 representantes de entidades de todo o país, vindos dos mais diversos setores e regiões. A reunião de públicos altamente diversificados foi um dos pontos altos da reunião, que teve como objetivo mapear as questões e iniciativas brasileiras relacionadas ao tema "economia verde e inclusiva". Com isso, foi lançando um processo de articulação e debate cooperativo, visando a construção de propostas conjuntas sobre esse tema fundamental para as questões do clima, e que é um dos eixos centrais da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável que ocorrerá em 2012 (Rio+20). O evento é parte de uma iniciativa global da Green Economy Coalition, e foi realizado pelo Vitae Civilis em conjunto com o PNUMA e o IIED, de Londres, com apoio de um grupo expressivo de parceiros e patrocinadores. www.greeneconomy.org.br

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Conhecendo a Amazônia

Conhecendo a Amazônia por Henrique Alexandre no Mercado Ético

"Aos 16 anos fui com meu irmão mais velho, o Jobe, e suas filhas, Ana Carolina e Fernanda, passar umas férias em Mato Grosso. Aquela era a primeira vez que seguia para o centro oeste do país.
Fomos de avião até Cuiabá e depois embarcarmos num pequeno avião - juro que do tamanho de um fusca - em direção à fazenda Agrossan, a 700 km da capital do estado.
Me lembro da mágica visão de sobrevoar a floresta. Aquela imensidão natural vista lá do alto, mais parecia um enorme e interminável tapete verde que se estendia até onde a vista podia alcançar".

Nádia não resistiu e comentou:

Henrique, lendo seus comentários não pude deixar de lembrar da menina de 17 anos que pela primeira vez saia de São Paulo, do tormentoso cimento, que na época era bem menor do que hoje, dentro de um avião da VASP em direção à Manaus e que de "queixo caído" viu o tapete verde encantador. Depois disso tive muita oportunidades de estar perto da floresta, de entrar nela, sentir seu cheiro e perceber o fluxo da vida. Nada como uma chuva na Amazônia!

No entanto a vida ainda me reservava mais uma delícia.Um avião pequeno, daqueles que voam baixinho, me levou há 2 anos de Belém ao Amapá. Voei como um passáro, podendo quase entrar pelo verde todo, que encheu meus olhos até o pulmão! Tudo seria só magia se eu não me deparasse com enormes áreas com EUCALIPITOS que mostraram o absurdo que já fizemos no passado, quando não percebíamos a vida na vida! Acho que ver e sentir a floresta nos muda para sempre e talvez exista espaço para um projeto ambiental simples; levar pessoas dos grandes centros para ver a floresta e perceber o serviço que ela nos presta! Sentar debaixo de uma Samaúma e poder trabalhar para nova consciência. Obrigada por ter me lembrado de tudo isso na correria dos dias!